data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Desde que deflagrado o processo de sucessão à Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), muitos têm sido os desdobramentos. O cenário colocado, até o começo deste mês, trazia três nomes que se colocavam na disputa: o do atual vice-reitor, Luciano Schuch, e das professoras Cristina Nogueira e Martha Adaime.
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style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Maristela Moura
O trio é visto como uma continuidade da gestão de Paulo Burmann, que está à frente da universidade desde 2013. Além de Schuch, que está ao lado de Burmann desde o começo do segundo mandato (em 2017), Martha é chefe de gabinete do reitor Burmann, e Cristina é uma apoiadora da gestão. Acontece que, ainda no último domingo, passou a circular nas redes sociais o nome de um quarto candidato: o de Rogério Koff, 59 anos.
Ao Diário, o professor universitário tergiversou quando questionado se, de fato, ele estava se colocando à disputa ao comando da maior instituição de Ensino Superior da cidade:
- Não confirmo ainda.
Considerado uma voz alinhada à direita, Koff seria um contraponto à gestão Burmann. O entendimento parte de dois diretores de departamentos que pediram para não serem identificados. Porém, só um quis dar declaração:
- Muitos pensam que ele é um extremista, e não é nada disso. É um cara com posição. Mas como ele não pensa como a maioria da esquerda, e que está na Reitoria, ele é rotulado. Traria uma renovação e romperia com o "aparelhamento" da universidade.
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Já outros dois diretores de centro avaliam que Koff "é a materialização do bolsonarismo" nos rumos internos da universidade.
- Eu, nas duas oportunidades, apoiei o Burmann. E, agora, vou fazer o mesmo com Schuch. É a continuidade do diálogo e do respeito à instituição - diz o professor que afirma estar "trabalhando" por Schuch.
Na mesma linha, o outro professor, com mais de 15 anos de docência na UFSM, mostra-se temerário com a "quarta via":
- Seria desastroso termos uma gestão alinhada ao Bolsonaro, que é o que ele (Koff) representa.
NOMES
Graduado pela universidade, Rogério Koff tem 29 anos de atuação na UFSM, a maior parte do tempo dedicado à Comunicação Social. Natural de Santa Maria, será a primeira vez que concorrerá ao cargo máximo da instituição.
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Ao lado dele, estará o professor Genesio Mario da Rosa, que é formado em Agronomia pela UFSM, e atua no campus de Frederico Westphalen. Koff, de acordo com colegas e apoiadores, une experiência administrativa e acadêmica para concorrer ao cargo de reitor. Ele foi, por dois mandatos consecutivos, diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) de 2006 a 2009, e, depois, de 2010 a 2013.
Um pleito, vários desdobramentos
Internamente, este processo de sucessão à Reitoria é considerado o mais acirrado e tenso da história recente da instituição. As discussões do lado de dentro do arco da UFSM são puxadas pela possibilidade real de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fazer a indicação de um nome - tanto de dentro quanto de fora da universidade - para gerir a instituição com mais de 30 mil pessoas e com orçamento anual na casa de R$ 1 bilhão.
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Ainda em julho do ano passado, o então reitor Rui Oppermann, que concorria à reeleição, foi o primeiro colocado na consulta feita à comunidade acadêmica e na votação do Conselho Universitário (Consun). Acontece que o também professor Carlos Bulhões, último colocado na consulta à comunidade acadêmica, foi nomeado pelo presidente para um mandato de quatro anos.
A alteração na nomeação de reitores está amparada na nota técnica 400/2018 do MEC. Além disso, no começo deste ano, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o presidente não precisa nomear o primeiro da lista tríplice.
MOVIMENTOS
Até aqui se tem, no momento, tentativas de judicialização por parte de duas ações populares. São elas: uma, feita pelo advogado Rony Pillar Cavalli; e, outra, capitaneada pelos vereadores Roberta Leitão e Pablo Pacheco, os dois do PP, e, ainda, por Rudys Rodrigues (MDB).
As ações convergem para um mesmo entendimento de que o procedimento de consulta à comunidade acadêmica teria sido ilegal. Em decorrência dessas ações, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu, no fim do mês passado, uma recomendação em que aponta que a universidade "adote medidas administrativas" que garantam "a lisura do processo eleitoral". Isso levou a um novo cronograma com a dilatação do calendário eleitoral, observando as recomendações feitas pelo MPF.
PRAZO
A gestão do reitor Paulo Burmann se encerra em 27 de dezembro, o que faz com que, em até 60 dias antes de expirar a portaria dele, a lista tríplice tenha de ser encaminhada ao MEC. Caso isso não ocorra, o ministério pode legal e constitucionalmente nomear um interventor da própria universidade ou, até mesmo, de fora da instituição.
O "estranhamento", segundo um conselheiro, é que "se apresente um nome que sequer participou da consulta pública à comunidade acadêmica". Para outro conselheiro ouvido pela reportagem, "este processo nasceu torto e ilegal", o que justificaria "que Koff tenha legitimidade de concorrer".